Como adubar Buriti?
Objetivo e Vantagens
A adubação adequada do Buriti visa suprir seus requisitos nutricionais específicos, potencializando seu desenvolvimento, resistência a doenças e produtividade de frutos.
Uma estratégia nutricional correta acelera o crescimento inicial da palmeira, reduzindo o tempo para início da fase reprodutiva, que naturalmente é longo nesta espécie.
A fertilização balanceada melhora a qualidade e quantidade dos frutos produzidos, aumentando o teor de carotenoides e outros compostos nutricionais na polpa.
Aplicações corretas de fertilizantes reduzem o estresse da planta em condições menos ideais, como em projetos de recuperação ambiental ou em cultivos fora de suas áreas de ocorrência natural.
Materiais e Ferramentas Necessárias
- Calcário dolomítico (para correção do pH em solos ácidos)
- Fertilizante orgânico bem decomposto (esterco bovino, composto orgânico ou húmus de minhoca)
- Fertilizante NPK formulação 10-10-10 para fase vegetativa
- Fertilizante NPK formulação 10-20-20 ou similar para fase reprodutiva
- Fertilizante rico em micronutrientes, especialmente boro e magnésio
- Farinha de ossos ou superfosfato simples
- Cinzas de madeira (fonte de potássio)
- Torta de mamona (liberação lenta de nitrogênio)
- Enxada ou sulcador para abertura dos sulcos de adubação
- Baldes para medição dos insumos
- Regador ou mangueira para irrigação pós-adubação
- EPI básico (luvas, máscara e óculos) para manuseio de fertilizantes
- Pá de jardinagem e enxadão para incorporação dos adubos
Passo a Passo Detalhado
Preparação inicial
Realize análise de solo antes de iniciar qualquer programa de adubação, pois o buriti é sensível à acidez excessiva e deficiências de micronutrientes.
Aplique calcário dolomítico conforme recomendação da análise de solo, idealmente 60-90 dias antes do plantio ou no início do período chuvoso em plantas já estabelecidas.
Faça o mapa da área de plantio, identificando cada planta individualmente para acompanhamento do desenvolvimento e resposta à adubação.
Prepare o cronograma anual de adubação, sincronizando com o regime de chuvas local para maximizar o aproveitamento dos nutrientes.
Defina as doses conforme a idade da planta:
- Mudas (1-2 anos): doses leves e mais frequentes
- Juvenis (3-7 anos): doses moderadas em aplicações trimestrais
- Adultas (8+ anos): doses mais elevadas em aplicações semestrais, com ênfase na pré-floração
Principais cuidados durante o processo
Para mudas até 2 anos após o transplante, aplique a cada 3 meses:
- 150g de NPK 10-10-10 por planta
- 3kg de composto orgânico ou esterco bem curtido
- 50g de farinha de ossos
Distribua os fertilizantes em círculo (coroa) ao redor da planta, mantendo distância mínima de 20-30cm do estipe para evitar queima das raízes, aumentando esta distância conforme a planta cresce.
Após aplicação do fertilizante, incorpore levemente ao solo e irrigue abundantemente para facilitar a dissolução e absorção dos nutrientes.
Para plantas juvenis (3-7 anos), aplique semestralmente:
- 300-500g de NPK 10-10-10 por planta
- 5-8kg de matéria orgânica bem decomposta
- 100g de farinha de ossos ou similar
- 50g de formulado com micronutrientes (FTE BR12 ou similar)
Para palmeiras adultas em fase reprodutiva (8+ anos), aplique anualmente, dividido em duas aplicações (início e final do período chuvoso):
- 800-1000g de NPK 10-20-20 por planta (maior concentração de P e K para floração e frutificação)
- 10-15kg de composto orgânico
- 200g de farinha de ossos
- 100g de formulado com micronutrientes
- 300g de calcário dolomítico (fonte de Ca e Mg)
Cuidados Complementares
Monitore os sinais de deficiência nutricional, especialmente:
- Nitrogênio: folhas mais velhas amareladas uniformemente
- Potássio: pontas e bordas das folhas necrosadas
- Magnésio: amarelecimento entre as nervuras das folhas mais velhas
- Boro: folhas novas deformadas e morte do ponteiro
Evite aplicação de fertilizantes em períodos de seca prolongada, pois pode causar salinização na zona radicular e prejudicar o desenvolvimento.
Aplique uma camada de cobertura morta (mulch) após a adubação para conservar umidade e reduzir a lixiviação de nutrientes.
Em solos muito arenosos, divida a dose anual em aplicações menores e mais frequentes para evitar perda por lixiviação.
Em áreas de várzea ou com lençol freático elevado, reduza as doses de nitrogênio em 30%, pois o excesso pode contaminar os corpos d'água.
Dicas de Otimização e Erros Comuns
Adube sempre no início do período chuvoso para maximizar o aproveitamento dos nutrientes pela planta.
Erros comuns a evitar:
- Aplicar fertilizantes químicos concentrados diretamente junto ao estipe
- Utilizar matéria orgânica não decomposta, que pode fermentar e queimar as raízes
- Negligenciar a correção do pH do solo (o buriti prefere solos levemente ácidos a neutros, pH 5,5-6,5)
- Aplicar doses excessivas de nitrogênio, que estimulam crescimento vegetativo em detrimento da frutificação
- Ignorar os sinais de deficiência de micronutrientes, especialmente boro e magnésio
Para adubação foliar complementar, especialmente em palmeiras com deficiências visuais, utilize solução com micronutrientes específicos para palmeiras a cada 60 dias durante o período de crescimento.
Em sistemas agroecológicos, utilize biofertilizantes líquidos a base de esterco bovino fermentado, diluído a 5%, aplicado na zona radicular a cada 45-60 dias.
Em cultivos comerciais, considere a análise foliar anual como complemento à análise de solo para ajustes finos no programa de adubação.
Para plantios em áreas de recuperação ambiental, priorize adubos orgânicos e fosfatos naturais de baixa solubilidade para liberação gradual de nutrientes.
Lembre-se que o buriti é naturalmente adaptado a solos pobres e ácidos, porém responde muito bem à adubação equilibrada, especialmente com fósforo e potássio para produção de frutos.