Como adubar Pequi?

Objetivo e Vantagens

A adubação adequada do pequizeiro visa fornecer os nutrientes necessários para seu desenvolvimento e produção, respeitando suas características de espécie nativa adaptada a solos pobres.

Promove maior vigor vegetativo nas fases iniciais, acelerando o crescimento e reduzindo o tempo para início da produção.

Aumenta significativamente a produtividade e qualidade dos frutos, com reflexos no tamanho, teor de óleo e sabor da polpa.

Contribui para maior resistência a pragas, doenças e condições ambientais adversas, como períodos de seca prolongada.

Estimula o desenvolvimento adequado do sistema radicular, melhorando a absorção de água e nutrientes.

Pode reduzir a alternância de produção, tornando as safras mais regulares ao longo dos anos.

Materiais e Ferramentas Necessárias

Calcário dolomítico (para correção da acidez do solo).

Fertilizantes orgânicos:

• Esterco bovino bem curtido
• Composto orgânico
• Húmus de minhoca
• Torta de mamona (para liberação mais lenta de nitrogênio)

Fertilizantes minerais:

• NPK formulado (recomendado 10-10-10 ou 04-14-08 para frutíferas)
• Superfosfato simples (fonte de fósforo e cálcio)
• Cloreto de potássio ou sulfato de potássio
• FTE BR-12 (micronutrientes)

Enxada, pá e enxadão para incorporação dos adubos.

Regador ou sistema de irrigação para aplicação de adubos líquidos quando necessário.

EPI básico (luvas, máscara, óculos) para manuseio de adubos químicos.

Balança ou recipiente calibrado para medição precisa das quantidades.

Passo a Passo Detalhado

Preparação inicial

Realize análise de solo antes do plantio e, posteriormente, a cada dois anos para monitorar as condições nutricionais e orientar as adubações.

Com base na análise, faça a calagem 60-90 dias antes do plantio para elevar o pH do solo para aproximadamente 5,5-6,0, faixa ideal para o pequizeiro.

Prepare covas grandes (60x60x60 cm) para o plantio, separando a camada superficial do solo (mais fértil) da camada subsuperficial.

Para cada cova de plantio, prepare uma mistura com:

• Terra superficial
• 20 litros de esterco bovino bem curtido
• 300g de calcário dolomítico
• 300g de superfosfato simples
• 100g de cloreto de potássio
• 50g de FTE BR-12 (micronutrientes)

Misture bem os componentes e preencha a cova, deixando-a assentar por pelo menos 15 dias antes do plantio da muda.

Principais cuidados durante o processo

Adubação de plantio: ao plantar a muda, adicione 150g de NPK 04-14-08 nas laterais da cova, a aproximadamente 10-15 cm da muda, incorporando levemente ao solo.

Adubação pós-plantio (primeiro ano): divida a aplicação em três parcelas (início, meio e final da estação chuvosa), aplicando em cada uma:

• 150g de NPK 10-10-10
• 5 litros de esterco curtido ou composto orgânico

Distribua os adubos em círculo (coroa) ao redor da planta, respeitando uma distância mínima de 20 cm do caule e estendendo-se até a projeção da copa.

Incorpore levemente os adubos ao solo com enxada, tomando cuidado para não danificar as raízes superficiais.

Após a adubação, regue abundantemente se não houver previsão de chuva nos dias seguintes.

Cuidados Complementares

Adubação do segundo ao quarto ano: aumente gradativamente as doses, aplicando anualmente:

• 300g de NPK 10-10-10 no segundo ano
• 450g de NPK 10-10-10 no terceiro ano
• 600g de NPK 10-10-10 no quarto ano em diante
• 10-20 litros de esterco curtido ou composto orgânico

A partir do quinto ano ou início da produção, realize adubação específica conforme a fase fenológica:

• Pré-floração (agosto-setembro): ênfase em fósforo e potássio (NPK 04-14-08)
• Pós-colheita (março-abril): adubação de manutenção com NPK equilibrado e matéria orgânica

Em solos muito arenosos ou em períodos de estiagem prolongada, considere a aplicação de adubos foliares complementares, especialmente com micronutrientes como boro e zinco, importantes para a floração e frutificação.

Mantenha uma cobertura morta (mulching) na projeção da copa para conservar a umidade, controlar plantas invasoras e fornecer nutrientes gradualmente.

Realizar a coroamento (limpeza da área ao redor da planta) antes de cada adubação para garantir que os nutrientes sejam absorvidos pelo pequizeiro e não por plantas competidoras.

Dicas de Otimização e Erros Comuns

Evite o excesso de nitrogênio, especialmente em plantas adultas, pois pode estimular crescimento vegetativo excessivo em detrimento da produção de frutos.

Não aplique adubos químicos em períodos de seca intensa sem irrigação complementar, pois pode causar queima das raízes.

Realize as adubações preferencialmente no início da estação chuvosa para facilitar a dissolução e absorção dos nutrientes.

Em plantios em áreas de Cerrado original, seja mais conservador nas doses de adubação, pois o pequizeiro é naturalmente adaptado a solos pobres e pode não responder bem a fertilizações muito intensas.

Observe os sinais de deficiência ou excesso de nutrientes nas folhas:

• Amarelecimento generalizado (possível deficiência de nitrogênio)
• Arroxeamento nas bordas (possível deficiência de fósforo)
• Necrose nas bordas das folhas (possível deficiência de potássio)
• Folhas muito escuras e crescimento atrofiado (possível excesso de nitrogênio)

Lembre-se que o pequizeiro tem resposta lenta à adubação, sendo necessário paciência para observar os resultados, que podem levar meses ou até safras para se manifestarem plenamente.

Em plantios orgânicos, substitua os adubos químicos por equivalentes orgânicos como torta de mamona, farinha de ossos, cinzas vegetais e biofertilizantes, respeitando a equivalência nutricional.