Como adubar Mirtilo?
Objetivo e Vantagens
A adubação adequada do mirtilo garante o suprimento equilibrado de nutrientes, respeitando as necessidades específicas desta planta acidófila.
Uma nutrição balanceada aumenta significativamente a produtividade e a qualidade dos frutos, melhorando o tamanho, sabor e concentração de antioxidantes.
Diminui a susceptibilidade a pragas e doenças, fortalecendo os mecanismos naturais de defesa da planta.
Prolonga a vida útil do pomar, mantendo as plantas vigorosas e produtivas por mais tempo.
Reduz o estresse da planta durante períodos críticos como floração, frutificação e após a colheita, quando a demanda por nutrientes é mais elevada.
Materiais e Ferramentas Necessárias
Kit para análise de solo ou recursos para envio de amostras a laboratórios especializados.
Medidor de pH para solo (pHmetro ou kit colorimétrico).
Fertilizantes específicos para plantas acidófilas, preferencialmente à base de sulfato.
Enxofre elementar ou sulfato de alumínio para acidificação do solo quando necessário.
Fontes de matéria orgânica adequadas para mirtilo, como casca de pinus decomposta, serragem de madeira não tratada ou turfa.
Fertilizantes foliares com micronutrientes, especialmente ferro, zinco e boro.
Balança de precisão para dosagem correta dos fertilizantes.
Regador ou sistema de irrigação para aplicação de fertilizantes líquidos.
Passo a Passo Detalhado
Preparação inicial
Realize uma análise completa do solo antes do plantio e, posteriormente, a cada dois anos para monitoramento.
Verifique o pH do solo, que deve estar entre 4,0 e 5,5 para disponibilização adequada dos nutrientes para o mirtilo.
Caso o pH esteja acima de 5,5, aplique enxofre elementar ou sulfato de alumínio, seguindo a recomendação técnica conforme a análise de solo e o tipo de solo.
Prepare a área de plantio com antecedência, incorporando matéria orgânica bem decomposta na proporção de 3 a 5 kg por metro quadrado ou 10 a 15 litros por cova.
Evite o uso de esterco bovino fresco, optando por compostos orgânicos bem curtidos, casca de pinus decomposta ou húmus de minhoca.
Principais cuidados durante o processo
Adubação de Plantio:
Preparare covas de 40 x 40 x 40 cm, misturando ao solo:
- 3 a 5 kg de matéria orgânica bem decomposta
- 100 a 150 g de superfosfato simples ou 50 a 75 g de superfosfato triplo
- 50 g de sulfato de potássio
- 25 g de FTE BR-12 (micronutrientes)
Misture bem os fertilizantes ao solo da cova e aguarde 15 a 20 dias antes do plantio para estabilização.
No momento do plantio, evite o contato direto das raízes com os fertilizantes, formando uma camada de 5 cm de solo sem adubos entre o fertilizante e as raízes.
Adubação de Manutenção:
Inicie a adubação de manutenção 30 a 45 dias após o plantio com doses reduzidas, aumentando gradativamente conforme o desenvolvimento da planta.
Divida a adubação nitrogenada em 3 a 4 aplicações anuais, utilizando como fonte o sulfato de amônio (21% N) ou uréia (45% N), nas seguintes épocas:
- 1ª aplicação: no início da brotação (agosto-setembro)
- 2ª aplicação: após a floração (outubro-novembro)
- 3ª aplicação: após a colheita (janeiro-fevereiro)
- 4ª aplicação: no final do ciclo vegetativo (abril-maio)
Faça a adubação potássica e fosfatada uma vez ao ano, preferencialmente no final do inverno, antes da brotação.
Cuidados Complementares
Mantenha uma camada de mulch (cobertura morta) ao redor das plantas, utilizando materiais como casca de pinus triturada, serragem ou palha, que além de conservar a umidade, fornece nutrientes lentamente conforme se decompõe.
Monitore regularmente o pH do solo, realizando correções quando necessário, pois a aplicação contínua de certos fertilizantes pode alterar gradualmente a acidez do solo.
Em solos com deficiência de ferro (comum em solos menos ácidos), aplique quelato de ferro via foliar ou diretamente no solo próximo às raízes.
Utilize fertirrigação (aplicação de fertilizantes via sistema de irrigação) para maior eficiência na absorção de nutrientes, especialmente em períodos de maior demanda nutricional.
Observe os sintomas visuais das plantas para identificar possíveis deficiências nutricionais: amarelecimento entre as nervuras (clorose férrica), folhas pequenas e avermelhadas (deficiência de fósforo), ou bordas das folhas necrosadas (deficiência de potássio).
Dicas de Otimização e Erros Comuns
Evite o uso de fertilizantes que contenham cloro (como o cloreto de potássio) ou que elevem o pH do solo (como o nitrato de cálcio).
Um erro comum é aplicar calcário na adubação do mirtilo - diferente da maioria das frutíferas, o mirtilo NÃO necessita de calagem e pode ser prejudicado por esta prática, que eleva o pH do solo.
Ajuste as doses de adubação conforme a idade da planta:
- Plantas jovens (1-2 anos): 20-40 g de N, 15-30 g de P2O5, 15-30 g de K2O por planta/ano
- Plantas em produção inicial (3-4 anos): 40-60 g de N, 30-45 g de P2O5, 30-45 g de K2O por planta/ano
- Plantas adultas (5+ anos): 60-100 g de N, 45-75 g de P2O5, 45-75 g de K2O por planta/ano
Evite adubações pesadas no final do ciclo vegetativo (outono), pois estimulam crescimento vegetativo que pode ser danificado pelo frio do inverno.
Lembre-se que o excesso de adubação, especialmente nitrogenada, pode ser tão prejudicial quanto a deficiência, causando crescimento vegetativo excessivo em detrimento da produção de frutos e aumentando a susceptibilidade a doenças.